
DITADOS, PROVÉRBIOS E EXPRESSÕES
Usamos muitas vezes provérbios, ditados populares e expressões idiomáticas que ou estão fora de moda ou não conhecemos mais seu significado. Não existe proibição do seu uso, claro, mas alguns já estão com data de validade vencida. Aqui, alguns registros curiosos.
Por exemplo: a expressão “Pavio curto” é geralmente utilizada para indicar uma pessoa de temperamento explosivo, pouco tolerante, prestes a reagir violentamente. “Edson tem pavio curto quando se trata de futebol”. É fácil a sua compreensão, mas, convenhamos, se perguntarmos hoje em dia a um jovem o que é um pavio, certamente ele não saberá o significado. Fora as velas, praticamente nada mais tem pavio.
“A todo vapor”, que significa agitação, velocidade, pressa, quase todo
mundo também sabe o que significa, mas seria melhor empregada na época das
locomotivas movidas a vapor. Esse tempo já passou.
“Águas passadas não movem moinhos”. Fala sério. Sem ser na Holanda, quem
já viu de perto um moinho no Brasil? É bem verdade que ainda existem alguns em
propriedades no interior, mas são muito raros. Não dá mais pra justificar o
ditado popular.
“Casa de ferreiro, espeto de pau”. O ditado é usado para indicar por
exemplouma pessoa competente em sua profissão,
mas que não aplica esses conhecimentos em benefício próprio. Imagino um
dentista que usa dentadura ou tem muitas cáries não tratadas. O ditado
ainda é muito empregado, mas como não existem mais ferreiros e pouca gente sabe
o que é um espeto, bem que o provérbio poderia ser aposentado.
Outro dia, vendo o novo programa da jornalista Fátima Bernardes, na TV
Globo, ela usou uma expressão que merece estar aqui: "na crista da
onda". A origem provavelmente está associada ao surf mas o grave é o
emprego do substantivo "crista", ainda mais raro que a expressão em
si. Se seu significado é ser famoso, estar em destaque, infelizmente a
jornalista foi buscar no velho baú uma expressão em desuso e muitos
telespectadores ficaram sem entender nada.
Outra expressão antiga e,
felizmente, pouco usada. “Cavalo dado não se olha os dentes” sugere, por
exemplo, que você não especule sobre preço quando ganhar um presente. Isto
porque é através dos dentes do cavalo que se consegue precisar a idade do
animal. Portanto, duvido que você venha a ganhar um cavalo de presente um dia,
mas se isso acontecer não olhe os dentes. Pode até ser um pangaré, mas presente
é presente.
Também leio ou escuto uma outra expressão que conta a história de um outro
tipo de cavalo. “Presente de grego”, é quando algo que se dá ou recebe causará
prejuízo a outra pessoa. Segundo os estudiosos, após 10 anos tentando derrotar
as defesas das muralhas de Tróia, os gregos simularam desistir da guerra e
construíram um cavalo de madeira, deixando-o abandonado numa praia. Os troianos
levaram o “presente” para o interior de sua cidade, como símbolo de sua
vitória. À noite, quando todos dormiam, os soldados gregos escondidos dentro do
cavalo saíram e abriram os portões da cidade. O exército grego pôde assim entrar
em Tróia, conquistar a cidade, destruí-la e incendiá-la.
Cavalo de Tróia - Pintura de Henri Motte
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