Quando
o assunto é tabagismo na mídia, é lamentável que muitos jornalistas e veículos
de comunicação, grandes e pequenos, NUNCA investiguem a fundo as raízes desse
problema de saúde, as responsabilidades dos governos e da sociedade e,
principalmente, sobre quem lucra com o tabagismo no Brasil, a quem interessa
que hoje existam oficialmente cerca de 25 milhões de consumidores de cigarros.
Certamente esse número é ainda maior, mas, mesmo assim, seria como se todos os moradores do Rio e São Paulo fossem fumantes. O número é expressivo e basta comparar com outras doenças, como a hipertensão (30 milhões) e diabéticos (15 milhões). Algumas estimativas (basta pesquisar um pouco mais na Internet), dão conta de que o planeta tem 1,2 bilhão de fumantes, dos 7 bilhões de moradores da Terra.
Certamente esse número é ainda maior, mas, mesmo assim, seria como se todos os moradores do Rio e São Paulo fossem fumantes. O número é expressivo e basta comparar com outras doenças, como a hipertensão (30 milhões) e diabéticos (15 milhões). Algumas estimativas (basta pesquisar um pouco mais na Internet), dão conta de que o planeta tem 1,2 bilhão de fumantes, dos 7 bilhões de moradores da Terra.
Será
mesmo que essas reportagens superficiais, com foco apenas nas leis antifumo,
ajudam o cidadão a abandonar o vício? Terão mesmo resultados práticos para a
grande maioria dos doentes, das vítimas do tabagismo no Brasil? Será mesmo
suficiente incentivar as pessoas a jogar no lixo seus maços de cigarros quando
estamos lidando com uma das substâncias mais viciantes do planeta, mais que a
maconha, a cocaína e o crack. Segundo estudos sérios, a cada 20 minutos o
fumante acende um cigarro.
Será
que basta apenas “força de vontade”ao fumante ou estamos diante de um quadro
pandêmico de graves proporções? Não é difícil explicar as razões da minha
incredulidade. Sou fumante há 40 anos mas não consigo me libertar do vício.
Estou convencido de que meu nível de dependência deve ser um dos maiores nas
escalas atualmente disponíveis, porém minha revolta não é menor. Assistir na
maioria dos veículos de comunicação a um tema de tamanha importância ser
tratado de maneira tão simplória, tão paternalista, frustra completamente o
viciado em nicotina, que no fundo reza por campanhas educativas, claro, mas
principalmente por ações objetivas por parte dos governantes, da comunidade
científica e da própria sociedade — da imprensa em especial —, para enfrentar
um problema de saúde de tal magnitude.
Quando digo a amigos que
não fumo porque quero e sim porque fui induzido a fumar, geralmente registro
expressões faciais curiosas, mas todas de ignorância. O certo é que, durante
muitos anos, foi a televisão, o rádio, jornais e revistas, e a glamorização do
cigarro nas novelas e no cinema, evidentemente com o respectivo aval dos
governantes, que ajudaram a divulgar o hábito de fumar. Até bem pouco tempo,
até práticas esportivas eram associadas a marcas de cigarros; alguém ter
permitido tal absurdo, mostra bem o completo desprezo e ignorância sobre o
tema. Embora não exista consolo algum para o fumante, esta é uma das
explicações para a difusão durante muitas décadas de um vício nocivo à saúde de
todos.
Mesmo que hoje em dia o
cigarro tenha praticamente desaparecido da mídia e haja uma verdadeira cruzada
contra os fumantes, essa mesma mídia pagaria uma velha dívida com os fumantes
abrindo espaço para campanhas honestas e objetivas, desde que cobrassem também
das autoridades governamentais, dos veneráveis membros dos três poderes, da
comunidade científica e da classe médica atitudes coerentes com as políticas
públicas de saúde e, principalmente, com contribuições importantes para os
viciados em nicotina, as verdadeiras vítimas.
O que gostaria de ver no Jornal Nacional, no Fantástico, era uma verdadeira devassa sobre a indústria do cigarro, mostrando suas contas, que produtos cancerígenos diz-se são utilizados na preparação do fumo, que substâncias revestem o papel, orientando como o fumante pode entrar na justiça contra os fabricantes e a própria União, como o Judiciário enfrenta os tubarões da nicotina (se é que realmente enfrenta), e o que a comunidade científica e a industria farmacêutica nacional têm a dizer sobre as pesquisas e avanços na direção da cura desse vício maldito.
O que gostaria de ver no Jornal Nacional, no Fantástico, era uma verdadeira devassa sobre a indústria do cigarro, mostrando suas contas, que produtos cancerígenos diz-se são utilizados na preparação do fumo, que substâncias revestem o papel, orientando como o fumante pode entrar na justiça contra os fabricantes e a própria União, como o Judiciário enfrenta os tubarões da nicotina (se é que realmente enfrenta), e o que a comunidade científica e a industria farmacêutica nacional têm a dizer sobre as pesquisas e avanços na direção da cura desse vício maldito.
Não
posso esquecer de incluir aqui um apelo aos jornalistas e veículos mais destacados
do País para que produzam reportagens sérias e contundentes com os políticos do
Brasil. O que eles tem feito para cobrar a criação de clínicas especializadas
na desintoxicação das vítimas do tabagismo, saber quantos milhões de reais em
emendas parlamentares são destinados à pesquisa contra esse vício e por que não
existem leis que obriguem o Ministério da Saúde brasileiro a distribuir
gratuitamente os remédios que ajudam a combater o vício da nicotina, como já é
feito pela Farmácia Popular para diabéticos e hipertensos. Por que nossos
legisladores, muitos deles homens e mulheres de bem, não criam a CPI do Cigarro
para desmascarar a hipocrisia de parte da sociedade, da comunidade médica e dos
governantes, que preconceituosamente mais recentemente resolveram rotular o
fumante como marginal e não como um doente?
Na
verdade, essa questão gira em torno de dinheiro. Ninguém sabe ao certo quanto o
Governo federal fatura com os impostos cobrados sobre a indústria do cigarro.
Mas será que já não está passando da hora de se cobrar transparência desses
dados? Sempre que pode, geralmente na calada da noite, o governo federal
anuncia que o cigarro terá impostos ainda maiores. Esse é um território
nebuloso para a maioria dos cidadãos brasileiros.
Só para
se ter uma ideia, o site trovoadas.com.br afirma que “o Governo
brasileiro arrecada cerca de 26 bilhões de reais/ano com o imposto sobre o
cigarro! Só o IPI cobrado sobre cigarros corresponde a 20,56% da arrecadação da
Receita Federal. Assim como nos EUA, o cigarro é a maior fonte de recurso do
Governo federal brasileiro: 74% de um maço de cigarro são convertidos em
impostos!
Ao
mesmo tempo que, hipocritamente, dá uma de bom moço e garante que quer inibir o
consumo de cigarros, o governo brasileiro é o grande sócio da indústria
tabagista. De cada maço de cigarros vendido no Brasil em 2010, 74% do preço no
varejo foram parar nos cofres do governo federal ou dos governos estaduais.
Significa que, num maço vendido a R$ 1,70, R$ 1,26 real foi recolhido em
tributos.
Portanto, Brasília finge que se preocupa com um dos mais graves problemas de saúde da atualidade, patrocinando programas oficiais que ficam curiosamente escondidos em páginas dos sites governamentais, enquanto aumenta anualmente a mordida de impostos sobre a indústria de cigarros, estimulando e autorizando, inclusive, aumentos muito acima dos que são praticados por outros setores da economia. O certo é que o Governo federal sanciona leis que restringem o hábito de fumar em locais públicos e proíbe sua publicidade na mídia, mas ao mesmo tempo trabalha sem cessar para aumentar sua fonte de recursos advinda da indústria tabagista.
Portanto, Brasília finge que se preocupa com um dos mais graves problemas de saúde da atualidade, patrocinando programas oficiais que ficam curiosamente escondidos em páginas dos sites governamentais, enquanto aumenta anualmente a mordida de impostos sobre a indústria de cigarros, estimulando e autorizando, inclusive, aumentos muito acima dos que são praticados por outros setores da economia. O certo é que o Governo federal sanciona leis que restringem o hábito de fumar em locais públicos e proíbe sua publicidade na mídia, mas ao mesmo tempo trabalha sem cessar para aumentar sua fonte de recursos advinda da indústria tabagista.
Eu e
milhares de brasileiros aceitaríamos, de bom grado, um décimo da preocupação
que a sociedade, governantes, profissionais de saúde e a mídia dispensam,
merecidamente, aos usuários de crack, diabéticos e hipertensos.
João
Carlos Ribeiro Andrade
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